Ontem foi o 25 de ABRIL. Nas conversas dos outros ouvi e em jornais li que: “o 25 de Abril não é um dia de festa”; “para mim o 25 de Abril é um dia normal”; “a mim este dia não me diz nada”. Como é que é possível!? Será que ainda não se cumpriu Abril? Será que na memória colectiva deste povo não perdura o ainda cheiro de cravos vermelhos? Ou será que preferiam o cheiro bolorento do outro senhor? Cada vez percebo menos!
Quando se deu o 25 de Abril tinha eu 7 anos, por isso pouco contribuí para alterar o estado das coisas. Além de me lembrar de uns verdadeiros comunistas (e não só) terem assinalado essa época com magníficas pinturas murais; de me ter apercebido de alguma agitação do MFA por aquelas bandas, pouco mais me resta das memórias desses quentes tempos.
Aos poucos, fui-me munindo de toda a informação que pude arranjar sobre o 25 de Abril, para dessa forma poder perceber as circunstâncias históricas que permitiram e que despoletaram tal acontecimento. Enquanto pai, formador e educador, compete-me transmitir todos esses conhecimentos para que as gerações vindouras perpetuem a vontade da liberdade,e que não deixem, jamais, que outras ideias tirânicas lhe ditem o rumo de suas vidas ( e já vi dias melhores!). E mesmo não sendo a minha área, dedico sempre as minhas aulas da véspera a tentar explicar e a mostrar a real importância deste acontecimento.
Em todo o calendário e todos os anos, nos seus dias festivos, nos feriados religiosos, em datas assinaláveis, pessoais ou não, nenhum dia me dá tanta vontade viver como o 25 de Abril. Por estas bandas, tão esquecidas já como se calhar o próprio dia, raros são os eventos que pretendem assinalar essa data. Mesmo assim, jamais deixarei de me sentir livre. Então, neste dia, desde já há bastantes anos, dedico-me a ser livre, parto algumas vezes sem destino e outras com tudo previamente planeado, mas sempre para sítios onde nunca estive. Ontem, foi um desses dias.
Na véspera, aparelhando o barco da vontade, toca de traçar percursos, definir horários e meter no saco música que nos fizesse companhia. Lá foi Zeca Afonso, Sérgio Godinho, Carlos Mendes e Fernando Tordo. Partimos à descoberta de Conímbriga, Portugal dos Pequenitos e Mosteiro de Santa Clara-a-Velha. Nas viagens, lá iamos, todos (excepto o Manel que ainda não domina algum vocabulário) entoando alto e bom som, aquelas melodias que fazem parte de nós, e algumas com os olhos humedecidos.
25 de Abril sempre! Saudações revolucionárias.
P.S.:Agora que lembro, além do meu, só vi um outro cravo vermelho numa lapela!
malagueto
Malagueto, não desanimes, ontem eram muitos os cravos vermelhos que se ostentavam com muito orgulho, no peito de muitos mil, felizmente. Não podemos deixar morrer ABRIL. É preciso lutar com as armas de que dispomos, a razão, e há lá melhor arma que esta?
Aqui felizmente muitos tinham cravos vermelhos, no peito, na lapela, na mão, ainda existem muitos…
Beijos
Muito sentido, muito bom e gostei muito!
Abraço,
Zorze
Malagueto,
Se atendermos a que o povo do nosso país, de forma particularmente incisiva no norte, é, há 33 anos, submetido ao sofrimento que provoca a alienação, à clivagem promovida por todos os governos que nos roubaram durante esse periodo, atacado nessa impingida debilidade pela corja que acompanhou, mesmo dentro da horta, através da manipulação informativa, a imposição da escravatura dos desinformados.
Considerando a tua profissão, ainda que possivelmente e atendendo ao entorno, possa comportar alguma dificuldade, penso que é na luta que podes plantar os cravos que hoje não viste na lapela, na mão, dos teus camaradas.
Somos muitos, muitos mil!
A revolução é hoje!
A revoluçao de Abril foi muito bonita, mas as coisas nao foram nem de perto perfeitas, as visoes mudam dependendo sempre de que lado estas, sou de familia trabalhadora e humilde, mas criaram-se refugiados de Africa, deixaram-se vidas atrás, criaram-se bairros ilegais e fizeram-se ocupaçoes que perduram até hoje, para ter esta liberdade neo qualquer coisa, em que sempre dependes de alguem ou de algo, em que competes para ser melhor, mais esperto, mas sempre honesto, é a vida que há, e podia ser pior, pelo menos nao é o Congo. A unidade faz a força, e a mudança esta na atitude de cada um, nao acredito que possamos mudar o mundo, mas podemos dar o exemplo. A luta continua.
(Se o Malagueto não se importa)
73,
Sabes porque não foram “perfeitas as coisas”?
Tal como a maioria dos Portugueses, e cada dia em maior número, somos de familias trabalhadoras e humildes.
Refugiados de África ou covardes ladrões colonialistas ou Povo subjugado?
Em África, deixaram-se vidas atrás, mas, sobretudo, mortes.
“Criaram-se bairros ilegais” ou abandonaram-se seres humanos sem tecto, “ocupações” ou o resgate de grande parte do roubado ao Povo durante a ditadura?
Liberdade transformada em Liberdadezinha?
Mas tens receio de deixar de pertencer a alguém, preferes as calmas águas de um poço seco ou as, nem sempre, agitadas águas de um Oceano no qual possas semear o pão?
Competir para ser melhor, porquê?
Mais esperto, para quê?
Honesto, como?
“A vida que há”, mas quem decide por ti a vida que deves viver?
Já foi pior, em certos aspectos.
O Congo, ou seja, enquanto for problema de outros, nós por cá todos bem?
Unidade para quê, considerando que “é a vida que há”, “que sempre dependes de alguém”, “que isto não é o Congo”, se “competes para ser melhor”, se não acreditas “que possamos mudar o mundo”?
Exemplo para quêm?
A luta continua!!
A revolução é hoje!
Abril não se cumpriu, porque Abril para a grande maioria, foi-lhes retirado, assim sem mais nada, sacado das suas mãos em primeiro e das suas mentes em segundo.
O fascista neo-socialista Mário Soares, em conluio com o nazi agora promovido pelos nacionais socialistas do PS, o general Jaime Neves, mais o tal grupo dos 9, retiraram os cravos das armas e, voltaram-nas contra o povo em 25 de Novembro de 1975.
Queriam matar os comunistas, assassinar Álvaro Cunhal, apenas o bom senso de alguns do grupo dos 9, mais conscientes de que qualquer repressão contra o PCP, enlutaria inevitavelmente Portugal, foram eles Melo Antunes e Ramalho Eanes, correndo eles próprios risco de vida, pois a direita já organizada e constituída apelo PS, pelo PPD e pelo CDS, comandando a força de comandos sob as ordens de Jaime Neves, ainda alvitraram assassiná-los, mas o risco de uma guerra civil era bem real, aperceberam-.se disso aquelas bestas quadradas sem quaisquer escrúpulos.
Mas!… Esse risco, ainda hoje está presente, não pela mão do PCP, não!… O PCP hoje é um partido coerente e seguramente o único que pratica o politicamente correcto, porque os restantes, nem sabem o significado dessa frase. Mas pelas mãos de facções do povo que cada vez mais vêem as suas vidas definhar assim como o futuro dos seus filhos.
Começará por incidentes pontuais com elementos conotados com os partidos do governo, aqui e ali, vão tombando em querelas cada vez mais graves e, podendo mesmo chegar a ser sangrentas, seriamente sangrentas.
Ataques que aumentarão de expressão e intensidade, raiva tal, que só de muito contida pode surgir.
Não se terá em conta idade, sexo, ou cor de pele, o povo explodirá aqui e ali por tudo e por nada, o fratricídio sempre foi o mais violento dos crimes, pois é o ódio que o comanda.
Iremos pouco a pouco, assistir a uma guerra civil, em escala crescente, faseada, não organizada nem calculista, ou seja, a pior guerra civil que pode existir dentro de um país, onde a desobediência civil, já é uma realidade no dia-a-dia, o ódio cresce e auto alimenta-se, o desejo de matar entranha-se por via do ódio ao próximo que tem face ao que tudo perdeu.
O sangue escorrerá imenso, pelas ruas de Portugal, nas mãos dos políticos corruptos, que tomaram de assalto este país, estará essa viscosidade própria do sangue, SÃO ELES OS CULPADOS, SÃO ELES OS ASSASSINOS DE UMA NAÇÃO!
O tempo corre célere, já falta muito pouco, mesmo muito pouco!
Ouss