
Acção contra a eucaliptização na Serra da Aboboreira (Foto: Paulo Magalhães) . 1989A fundação
Em finais de 1984, alguns activistas provenientes de diversas associações ambientalistas, decidiram criar uma nova organização que desse corpo à necessidade que se fazia sentir da existência de uma associação mais actuante na área da Conservação da Natureza.
Esta nova associação, sediada no início em Braga, passava a designar-se por Quercus-Grupo para a Recuperação da Floresta e Fauna Autóctones, e adoptou para seu símbolo uma folha de carvalho e uma bolota. A própria denominação, utilizando o termo Quercus, nome científico do género a que pertencem os carvalhos, sobreiros e azinheiras, as árvores predominantes do coberto vegetal primitivo do nosso País, e o seu símbolo – uma folha e uma bolota de carvalho-negral (Quercus pyrenaica) – eram reveladores das preocupações dos seus fundadores, com a conservação da vida selvagem.A associação inicia em 1985 a publicação do jornal Quercus, jornal de estudo e protecção da Natureza, um dos seus principais objectivos iniciais, e a sua actividade começa a ser conhecida por todos. De um projecto à volta de uma publicação, a Quercus tornava-se rapidamente uma associação com intervenção multifacetada com acções em todo o País. Durante o ano de 1985 foram muitas as actividades conjuntas com o GEPFA – Grupo para o Estudo e Protecção da Flora e Fauna do Alto Alentejo, sediado em Portalegre e com o Centro Ecológico de Lisboa. A associação participa também no 1º Encontro Nacional de Ecologistas realizado em Tróia em Março de 1985.
Compreendendo que existia a necessidade de criar uma estrutura mais forte, de âmbito nacional, vários elementos do Centro Ecológico acabaram por deixar esta organização e o GEPFA de Portalegre acaba também por se extinguir ficando assim criados os núcleos de Lisboa e Portalegre. Entretanto nessa altura a associação que era conhecida por “Grupo Quercus” já possuía outros núcleos em Aveiro, Viseu, Barcelos e Vila Real.
Finalmente em 31 de Outubro de 1985 é assinada no sexto cartório notarial do Porto a escritura de constituição formal da associação dando-se assim mais um passo importante para a sua institucionalização. Mais tarde já no 3º Encontro Nacional que decorreu a 1 de Novembro de 1987 no Porto, o “Grupo Quercus” altera a sua denominação para “Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza”, mais concordante com a maturidade e o estatuto de intervenção que a associação já atingira.
Numa altura em que muitas vezes os serviços não conseguiam dar resposta a intervenções urgentes, foram elementos da Quercus a tomar a iniciativa, como aconteceu com o resgate de uma foca perdida na zona da costa de Leixões. Elementos da Quercus aguardam o momento de proceder à operação de recolha da foca
(Foto: Paulo Magalhães) . 1995
Uma organização sempre em crescimento
Desde a sua fundação a Quercus revelou grande capacidade de crescimento. De facto, aos núcleos iniciais já referidos, rapidamente se juntaram nos anos seguintes outras estruturas de norte a sul do País. Em 1987 dava-se a integração do Projecto Setúbal Verde, importante organização regional da época que se constituía agora como núcleo de Setúbal. Mais tarde, já em 1996, outra conhecida organização regional, o Grupo Lontra de St. André, passava a constituir o Núcleo da Quercus do Litoral Alentejano. Nos anos 90 a Quercus chegava também, aos Açores (S.Miguel), à Madeira e já em 2000 foi criado o mais recente núcleo na ilha Terceira, também nos Açores. A associação está hoje implantada em todo o território nacional, podendo contar-se 20 núcleos locais, a maioria deles com sedes e outras estruturas locais em funcionamento. Nestes 20 anos registámos a inscrição de cerca de 14.000 cidadãos, que ajudaram a constituir assim a maior associação deste género no nosso País.
As primeiras lutas dos anos 80
Uma referência histórica importante logo após a fundação da organização foi a dedicação da Quercus à defesa dos abutres, com a criação da zona de alimentação de Abutres de Castelo de Vide.
Durante o ano de 1987 – Ano Europeu do Ambiente – a Quercus projecta-se com bastante dinamismo e inicia-se um período de grande intervenção na oposição à eucaliptização desordenada que então tinha lugar no nosso País, campanha esta que vai ter o seu auge no ano de 1989.
Nesse ano decorrem algumas acções importantes contra a eucaliptização indiscriminada, como as que tiveram lugar em Janeiro na Serra da Aboboreira, em Março na região de Valpaços, em Junho na manifestação de Mirandela e em Novembro numa acção na herdade dos Cachopos em Mértola em conjunto com a Associação de Defesa do Património desta localidade.
Em 1988 foi também lançada uma campanha nacional de protecção das aves de rapina e a 3 de Junho do mesmo ano é lançada a Campanha de Protecção do rio Tejo Internacional numa acção conjunta com a associação congénere ADENEX da Extremadura Espanhola.
Em Setembro desse ano, a associação promove a descida do rio Paiva e em 21 de Outubro elementos da Quercus ocupam o navio “Reijin”, encalhado junto à praia da Madalena, em protesto contra o afundamento previsto para a sua carga de automóveis.
Surgem também muitos projectos levados a cabo pelas diversas estruturas regionais, nomeadamente o Projecto Barrinha de Esmoriz, o Projecto da Reserva Biológica de Castelo de Vide, a defesa do Estuário do rio Minho, da mata do Camarido e da reserva ornitológica do Mindelo entre outros.
Surgem trabalhos de estudo e protecção de diversas espécies dos quais se destacam pelo seu maior impacto os projectos Cegonha-branca, o projecto águia de Bonelli, o projecto águia-real e a campanha de estudo e protecção da águia-caçadeira. A Quercus desenvolve também a campanha Peneda-Gerês 87, onde além de outro material de sensibilização foram publicados alguns números do “Jornal da Peneda-Gerês”, já no ano de 1988. Neste mesmo ano a associação participa com bastante empenho na luta contra o projecto de instalação da lixeira nuclear de Aldeiadávila junto ao rio Douro Internacional e na luta contra o alargamento do Campo de Tiro de Alcochete.
Em 1990 são de destacar, em Janeiro, a nossa participação no “julgamento de Coruche” numa acção em tribunal que foi por nós despoletada, e relativa ao derrube de árvores com a maior colónia de cegonhas do Ribatejo. A 17 de Março teve também lugar uma acção de bloqueio de uma estrada ilegal em plena várzea de Setúbal, numa área abrangida pela Reserva Agrícola Nacional.

No Tejo Internacional compraram-se terrenos, estabeleceu-se vigilância e marcaram-se percursos (Foto: Paulo Magalhães) . 1991
A consolidação das estruturas
Os anos 90 iniciam-se com uma fase de alguma estagnação e dificuldade em termos de direcção e orientação depois de ter ocorrido uma cisão que levou ao afastamento de alguns fundadores da região norte do País situação que só é ultrapassada a partir de 1992 ano em que a Associação entra numa fase mais dinâmica.
É aprovada uma Declaração de Princípios, até aí inexistente, e novos estatutos que dão maior funcionalidade e eficácia à associação. No mesmo sentido são criados o Conselho Científico, que funciona como suporte das tomadas de posição da Associação e é criado o Gabinete Técnico que será encarregue da concretização de determinados projectos de maior envergadura.
Estas estruturas darão lugar mais tarde aos Grupos de Trabalho, alguns deles com técnicos em regime profissional e semi-profissional como acontece com o CIR – Centro de Informação de Resíduos, o mais actuante grupo de trabalho da Quercus na actualidade. Nesta matéria podemos reconhecer que apesar da crise de voluntariado que também atinge a Quercus, estamos a conseguir nos últimos 2 anos estruturar outros grupos de trabalho nas áreas da conservação da natureza, da energia e alterações climáticas, formação e educação ambiental e brevemente também na área dos recursos hídricos.
No âmbito do Projecto Tejo Internacional, entretanto considerado como a mais importante Acção Comunitária do Ambiente em 1989, a Quercus concretiza uma iniciativa inédita a nível das associações ambientalistas portuguesas com a aquisição ao longo de 1990 e 1991 de diversas parcelas de terreno na área deste projecto, processo que irá culminar com a aquisição do Monte Barata em 1992. A Quercus passava assim a dispor de uma área de cerca de 600 hectares onde pode desenvolver diversos projectos de conservação da Natureza e de agricultura sustentada. Já no ano 2000, através do Programa Operacional do Ambiente, a associação passou a dispor de novas instalações no Rosmaninhal, estando este Centro Ambiental a funcionar também no âmbito do projecto Rio Tejo Internacional.
De modo a dar mais consistência às actividades de acolhimento e recuperação de animais feridos e debilitados surgem os CRAS – Centros de Recuperação de Animais Selvagens, cabendo neste momento à Quercus a gestão do CRAS de St. André (desde 1996), do CRAS de Castelo Branco que iniciou a sua actividade no ano 1999 ou o CRAS de Montejunto, praticamente concluído e com a inauguração prevista para breve.
Sendo a educação ambiental uma das vertentes onde a associação é mais actuante, desde 1992 que gerimos diversos Centros de Educação Ambiental, alguns deles entretanto encerrados como o de Palmela (com uma actividade importante durante alguns anos nomeadamente no desenvolvimento de ateliers e campos de trabalho e de férias para jovens) e o de Monsanto em Lisboa, mas com outros ainda em funcionamento como o do Porto (desde 1992), o de Matosinhos (1997) , o de Ourém (1998) ou o do Machico inaugurado já no ano 2000.
Em 2000 é criado o FCN – Fundo Quercus para a Conservação da Natureza, instrumento de angariação de fundos para projectos específicos de conservação de habitats e espécies prioritárias e que neste momento é suporte da criação da nossa rede de micro-reservas biológicas espalhadas por todo o País.

Acção de promoção do Bilhete Único como forma de incentivar o uso dos transportes públicos junto dos cidadãos
(Foto: Luís Galrão) . 2001

Acção contra a política de indefinição do Governo em relação ao tratamento dos resíduos industriais
(Foto: Luís Galrão) . 1997
Uma intervenção mais diversificada e reconhecida pela comunidade
A partir dos anos 90 e de forma gradual para além dos temas directamente ligados à conservação da natureza a associação passou a intervir em muitas outras áreas que vão dos resíduos aos recursos hídricos, da política de transportes à qualidade do ar e às alterações climáticas e mais recentemente aos alimentos geneticamente modificados (fazemos parte da Plataforma Transgénicos Fora do Prato), entre muitos outros temas.
Embora a Associação já tivesse concretizado alguns cursos de formação profissional em 1992, é efectivamente em 1993 e depois em 95 que se dá o grande passo com a concretização de quatro cursos de longa duração, dois para técnicos de Protecção do Litoral, no Porto e em Setúbal e dois em Coimbra para Técnicos de Animação na Natureza.
Surgem projectos de certa envergadura nomeadamente o Projecto “Por Um Rio Mais Limpo” e o Projecto “Reciclar é Desenvolver” e a partir do ano de 1996 têm início dois projectos de turismo ambiental aprovados no âmbito do programa LIFE (“Projecto Alto Nabão” e “Projecto do Litoral para o Interior”).
Em 94 cabe realçar a presença activa da Quercus, através do seu Presidente e dos núcleos regionais, ao longo da Presidência Aberta de Ambiente desenvolvida pelo Presidente da República na Primavera desse ano.
O problema da caça e o controle dos predadores, que se efectua de forma desordenada nas áreas de regime cinegético especial, passou a ser uma das prioridades da associação que efectua algumas acções mais espectaculares como a “operação Egas Moniz” e o “ataque” com invólucros de cartuchos à DGF e à Secretaria de Estado da Agricultura. A aprovação e regulamentação do “direito à não caça” constitui um marco importante para o movimento ambientalista e foi também uma reivindicação nossa durante muitos anos.
Nesta década entre outras acções mais espectaculares cabe referir também a tentativa de bloqueio do esgoto das celuloses na praia da Leirosa em 21 de Março de 92 em protesto contra a poluição, a oposição à opção tomada relativamente à construção da nova ponte sobre o Tejo, o acompanhamento e as inúmeras tomadas de posição em relação à qualidade da água para consumo humano e à qualidade das águas balneares, as posições face ao Sistema Integrado de Tratamento de Resíduos Tóxicos e Perigosos, a denúncia dos projectos de incineração de resíduos sólidos urbanos da Figueira da Foz, da LIPOR na área do Porto e da VALORSUL na área de Lisboa ou ainda a contestação à excessiva urbanização da península de Tróia. Estas últimas campanhas contaram com a realização de algumas acções públicas como a que ocorreu em 1994 na ponte de D. Luís onde alguns activistas da associação desfraldaram uma tarja alusiva à incineração de resíduos urbanos ou o “desembarque” e manifestação em Tróia que teve lugar em 1997 em protesto contra a destruição do litoral.
Temos também realizado acções publicas conjuntas com a GREENPEACE na área dos resíduos (retirada de resíduos da Metalimex do aterro de Setúbal em 94), na área dos organismos geneticamente modificados (tentativa de impedir a atracagem de navio com milho transgénico em 1997) ou na protecção das florestas tropicais ( tentativa de impedir o desembarque de madeira tropical em Leixões no ano 2000 e o bloqueio à entrada da fábrica VICAIMA em Vale de Cambra já no ano 2005).
Outros temas da actualidade que acompanhámos de perto nos últimos anos foram a construção da auto-estrada do sul, o projecto de Alqueva ou a barragem do Sabor (fazemos parte da Plataforma Pelo Alentejo Sustentável e da Plataforma Sabor Livre), a política florestal e os incêndios, a política de transportes e os problemas que decorrem das alterações climáticas, tendo a Quercus estado presente de forma regular nas conferências internacionais dedicadas a este tema.
Na área da Conservação da Natureza não podemos deixar de destacar os projectos que nacionais importantes que decorrem desde 2003, um deles em parceria com a SPEA, dedicado ao estudo do Impacte das linhas eléctricas na Avifauna e outro visando o estabelecimento da rede de micro-reservas biológicas no âmbito das actividades do Fundo Quercus para a Conservação da Natureza.
Na área dos projectos que fazem a ponte entre a necessidade de conservação dos recursos naturais e a educação ambiental há que destacar o “Projecto Ecocasa”, projecto destinado à sensibilização do grande público para o uso eficiente da energia a nível doméstico, o qual conta com inúmeras parcerias privadas e públicas.
A Quercus é também uma das fundadoras e dinamizadoras de uma plataforma que congrega vários parceiros e que está a lançar o Programa Antidoto-Portugal. É objectivo deste projecto combater a problemática do uso de veneno que atinge a fauna selvagem actuando preventivamente desde o nível de sensibilização e formação até à fiscalização e criminalização.
Foram também lançados recentemente os projectos “De Olhos na Floresta” com o qual a associação tenta mobilizar os cidadãos para uma intervenção mais activa na problemática dos incêndios florestais e o Projecto “Florestas com Vida”, com os mesmos objectivos mas virado para a sensibilização do meio escolar. Também virado para o meio escolar tem agora inicio o projecto ” Poupar Água , Prevenir o Futuro” com vista à sensibilização dos jovens para a poupança deste recurso tão escasso.
A educação ambiental está aliás sempre presente nas actividade dos núcleos regionais e tem anualmente um dos seus pontos altos com a concretização das Olimpíadas do Ambiente projecto que decorre a nível nacional com a participação de centenas de escolas por todo o País.

Elementos da Quercus “bloqueiam” de forma simbólica o esgoto da Celbi e da Soporcel junto à praia da Leirosa na Figueira da Foz (Foto: paulo Magalhães) . 1993
A comunicação com os associados e a população em geral
Desde sempre foi grande a preocupação com a comunicação interna, até porque esta era a primeira associação do género a possuir uma verdadeira distribuição nacional com muita gente dispersa pelo País. Havia também que passar as nossas posições para a opinião pública. Neste sentido a primeira publicação periódica foi o jornal Quercus do qual saíram 8 números entre 1984 e Novembro de 1988.
Após um interregno é publicada sob forma de revista o primeiro número da “Quercus”, que infelizmente e devido a diversas circunstâncias não teve continuidade.
Ao nível da comunicação interna foram ensaiadas experiências diversas ao longo deste percurso de 15 anos. Em Maio de 85 ano é publicado o primeiro e único número do boletim interno “Bolota”.
Inicia-se então, de forma regular, em Março de 1986, a publicação da 1ª série do boletim interno que adopta a designação de “O Teixo” e do qual se editaram 63 números até Maio de 1994. É então tentada nova experiência com o boletim a transformar-se em revista, a partir do Verão de 1994; a partir do seu nº 4 passou a ser editada em colaboração com o Diário de Notícias até ao final de 1996. A sua distribuição como suplemento deste jornal possibilitou a distribuição de 75.000 exemplares por todo o País, tornando-a uma das revistas de maior divulgação dentro da sua área temática. Por fim “O Teixo” voltou ao formato de boletim e deixa de ser editado no número 11 desta sua segunda série, já em Outubro de 1999.
Dá-se então um salto qualitativo quando o jornal “ABCAmbiente”, que já era publicado há algum tempo pelo núcleo de Lisboa, passa a ser enviado a todos os associados da Quercus e a ter uma distribuição mais alargada, constituindo ao mesmo tempo um veículo de informação interna e um pólo difusor das nossas preocupações e posições perante a política ambiental. Após 36 edições deste jornal é reformulada a sua edição que passa agora a ser da exclusiva responsabilidade da Quercus-ANCN passando a nova edição que o substitui a chamar-se “Quercus Ambiente” mas mantendo o mesmo formato de jornal.
Entretanto é de referir que um pouco por todo o País os núcleos regionais publicaram em períodos diversos e de forma mais ou menos regular boletins informativos regionais (revista “raízes” e boletins “Salgueiro”, “Xara”, “O Iró”, O Vidoeiro”, “Azinheira”, “Ecografia”, “Planeta Azul”, etc), com os quais se pretende manter um contacto mais directo com os associados e a população local.
Contam-se também por centenas as publicações que a Direcção Nacional e os núcleos têm editado, alusivas aos mais diversos temas. Livros, brochuras, folhetos, cartazes e outras publicações têm contribuído para a divulgação de informação e para a educação ambiental da população.
Mais recentemente e especialmente após a reformulação ocorrida no ano 2003 o nosso site na Internet em http://www.quercus.pt passou a ser o mais importante elo de ligação com a comunidade sendo visitado mensalmente por milhares de cidadãos que ali procuram informação sobre a associação e sobre questões ambientais de interesse geral.
O debate interno sempre presente
Pontos altos da actividade associativa foram os que decorreram com os Encontros Nacionais e Congressos realizados ao longo destes anos. Alguns ainda recordarão o 1º Encontro do Porto em 85, ou o 2º Encontro Nacional em 11 e 12 de Novembro de 1986 na Reserva Natural das Dunas de S. Jacinto e 3º Encontro Nacional que decorreu a 1 de Novembro de 1987 no Porto, reuniões estas onde já participaram cerca de uma centena de activistas.
Depois são ainda de recordar os Congressos de Bragança em 88 e o de Valadares em 89, este último já após a cisão que se deu na associação e que se centrou especialmente nas estruturas do Porto, devido a diversos desentendimentos entre os seus dirigentes. Outro ponto alto de confraternização foi o 1º Acampamento Nacional que reuniu mais de uma centena de activistas entre 23 e 25 de Abril de 88 na Reserva Biológica de Castelo de Vide.
Mais tarde são ainda de referir o 3º Congresso em 5 a 7 de Outubro de 90 em Setúbal, onde são também atribuídos pela primeira vez os “Prémios Quercus”, uma forma da Associação destacar e valorizar as entidades e personalidades que se afirmam na defesa e promoção de um ambiente equilibrado e de um desenvolvimento sustentável. Mais recentemente tiveram ainda lugar o Congresso da Lousã em 1996 e o de Gaia em 1999 e o último realizado em Castelo Branco na Primavera de 2004.
São também de referir outro tipo de iniciativas com encontros temáticos de que são exemplo o Encontro de Associações de Defesa do Ambiente dos Países Lusófonos que teve lugar em Gaia em 1998, os Encontros Nacionais de Conservação da Natureza realizados em Gaia e Lisboa em 1999 e 2000, a Conferência “Política Europeia de Transportes e Ambiente” também em Lisboa em 2000 ou ainda o Seminário sobre Regeneração de óleos usados que se realizou em Gaia nesse mesmo ano. Pela sua regularidade e qualidade são também de referir as Jornadas de Ambiente da Quercus que se realizam desde 1990, e que tiveram recentemente a sua XV edição dedicada à responsabilidade social das empresas na área do ambiente.
Participação internacional e reconhecimento público da nossa acção
A partir de Março de 1987 a Quercus passou a integrar o BEE – Secretariado Europeu do Ambiente que reúne associações congéneres de todos os países da Europa comunitária. Em Dezembro de 89 a Quercus passa a ser também membro do YEE – Youth Environment Europe, uma federação de jovens ambientalistas europeus. A nossa associação fez-se representar com dois elementos na CNUAD 92 (Conferência das Nações Unidas para o Ambiente e Desenvolvimento) e no Forum Global, eventos que decorreram no Rio de Janeiro. Durante esta Conferência a Quercus recebe o prémio GLOBAL 500 atribuído pelo PNUA (Programa das Nações Unidas para o Ambiente), às entidades e personalidades cuja actividade é de reconhecido mérito nesta área.
A 10 de Junho do mesmo ano a Quercus recebe das mãos do Presidente da República a atribuição do título de membro honorário da Ordem do Infante D. Henrique.
Em 1994 a Quercus recebeu o Galardão de Prata dos Ford European Conservation Awards do ano de 1993, o qual foi atribuído ao Projecto Tejo Internacional. Em 97 o “Projecto Campos Ambientais dos Golfinhos do Sado” foi também galardoado com o Galardão dos Ford European Conservations Awards, no âmbito dos projectos destinados à juventude.
A partir de Fevereiro de 1996 a Quercus é também o primeiro membro Português do T&E – Federação Europeia para o Transporte e Ambiente. Em 1997 passámos a fazer parte do ELO VERDE – Rede de Associações de Defesa do Ambiente do Espaço Lusófono e no final da década passámos a integrar o GE-NET – Rede Europeia sobre Transgénicos, o CIDN – Conselho Ibérico de Defesa da Natureza e o CLIMATE NETWORK EUROPE – Alterações Climáticas. No ano 2000 passámos a integrar o CIDAMB – Associação Nacional Para a Cidadania Ambiental de que somos sócios fundadores. São hoje muitos os elementos da Quercus a representar as Associações de Defesa do Ambiente em muitas comissões locais e regionais, um pouco por todo o País, contribuindo para que as posições dos ambientalistas tenham mais força no delinear das políticas que interferem com o ambiente e a qualidade de vida no nosso País.
Todo este prestígio acaba por gerar um amplo movimento de adesão à Associação e inúmeros convites por parte de entidades públicas e privadas no sentido da nossa participação em seminários, conferências e outros encontros de diverso cariz a nível nacional e internacional, onde os dirigentes e técnicos da Associação têm tido ocasião de expor os nossos pontos de vista sobre política geral de Ambiente e sobre as inúmeras matérias que nesta área se interrelacionam.
Uma história que se fez também de momentos de crise e de clivagem marcada entre pessoas e perspectivas de futuro para a associação. Daí resultaram algumas cisões como a que já foi referida no ano de 89 no Porto ou mais tarde a que ocorreu em 1996 e da qual resultou o afastamento de alguns dirigentes históricos e alguma dificuldade na procura de uma nova Direcção e na concretização de alguns projectos que estavam em curso.
Embora ainda recente, a Quercus surge neste momento como a maior associação de defesa do ambiente em Portugal, de que são prova os muitos associados activos que um pouco por todo o País, suportam as suas 20 estruturas locais e lhe dão representatividade junto das instituições como parceiro relevante na vida da nossa comunidade.” |
Criei um link para este texto no meu texto do meu malfadado blogue: http://malfadado-o-contestatario.blogspot.pt/2015/04/um-premio-para-as-novas-geracoes.html
Porque é importante enquadrar as coisas!